27 de junho: Dia Internacional das Pessoas Surdocegas

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Confira a importância da data para promover a inclusão na sociedade

O Dia Internacional das Pessoas Surdocegas é comemorado em homenagem ao aniversário da americana Helen Keller, que foi a primeira pessoa com surdocegueira a cursar o nível superior.

A escritora e ativista social, alfabetizada com diferentes tipos de comunicação não convencionais, abriu caminho para a visibilidade do tema em diversos países. 

“Antes não se pensava na possibilidade de uma pessoa surdocega ter autonomia e independência, muito menos chegar a uma graduação. Foi a partir da Helen, que se mudou a perspectiva das pessoas em relação a surdocegueira”

afirma Hélio Fonseca, tradutor, intérprete e guia-intérprete de Libras há mais de 20 anos,que hoje atua no núcleo de acessibilidade da TV Cultura.

Durante a semana do dia 27 de junho, associações e movimentos de pessoas com surdocegueira aproveitam para criar ações, como palestras e eventos, com foco na conscientização da sociedade a respeito da inclusão na educação e no mercado de trabalho, além de políticas públicas para garantia dos direitos.

O que é surdocegueira?

A surdocegueira é uma deficiência sensorial, que compromete a audição e a visão. Pelo fato de os canais serem responsáveis pela recepção das informações, podem prejudicar no desenvolvimento, como da comunicação e linguagem.

Existem duas classificações para a surdocegueira: congênita, desde o nascimento, e a adquirida, que já nasce com uma das perdas e adquire a outra durante a vida, ou adquire as duas juntas ou separadas depois do nascimento.

As causas da surdocegueira podem variar, desde a relação com doenças contraídas durante a gestação, como citomegalovírus e rubéola, até síndromes genéticas, como a de Usher. 

Além disso, pode ser causada também pelo excesso de drogas e álcool, meningite, caxumba, entre outros.

Mas é preciso ser completamente surdo ou cego para ser considerado com surdocegueira?

Não. Assim como as outras deficiências únicas, existem diferentes graus para cada pessoa, e mesmo que se tenha baixa visão e audição, pode ser considerada surdocegueira, pois uma perda não pode compensar a outra.

Como funciona a comunicação das pessoas surdocegas?

Por ser uma deficiência que envolve características específicas com foco na mobilidade, informação e comunicação, é recomendado que a pessoa surdocega receba orientações e treinamentos junto ao guia-intérprete, com objetivo de desenvolver habilidades de autonomia para o dia a dia.

Isso porque existem diversos fatores que podem influenciar na hora da comunicação, como no caso de surdocegos pré-linguísticos que já nascem ou adquirem a deficiência antes de aprender uma língua, e os pós-linguísticos que já tinham conhecimento de pelo menos uma língua.

Por exemplo, se a pessoa já sabe português você pode utilizar a técnica do alfabeto dacticológico, escrevendo letra por letra na palma da mão.

O braille também é um recurso muito utilizado para estimular a escrita e leitura pelo tato, com o auxílio de máquinas braille, reglete e punção, e a linha braille para computadores, tablets e smartphones.

Outras formas de comunicação podem ser feitas por meio de tablitas de comunicação, CCTV, tellethouch, tadoma, entre outras.

O que fazer quando preciso me comunicar com um surdocego?

Provavelmente ao avistar uma pessoa surdocega sozinha na rua ou no transporte público, você vai ser capaz de identificá-la pelo uso da bengala vermelha e branca. 

Por isso, é muito importante realizar uma abordagem calma, tocando de leve no braço ou ombro para sinalizar que está ao lado dela, e em seguida, possivelmente, ela te mostrará algumas placas com frases explicativas sobre a situação.

Se ela estiver acompanhada, o ideal também é sempre perguntar para o guia-intérprete ou diretamente para pessoa surdocega, de que maneira você pode se comunicar.

Assim como qualquer pessoa, é muito comum que pessoas com deficiência não precisem de ajuda ou não queiram se comunicar. Portanto não é algo para se ofender. A dica é: antes de ajudar, sempre perguntar se a pessoa está confortável e necessita de ajuda naquele momento.

Criando ações para incluir a pessoa surdocega na sociedade 

Além de todos os recursos oferecidos para comunicação, ainda é preciso pensar em ações que incentivem e promovam a inclusão das pessoas com surdocegueira na sociedade.

Carlos Alberto Santana Júnior, 34 anos, com Síndrome de Usher, que já nasceu surdo e aos poucos perdeu a visão até completar 22 anos, é um dos autores do livro “Práticas de Interpretação Tátil e Comunicação Háptica para pessoa com Surdocegueira”, em parceria com o amigo e guia-intérprete Hélio Fonseca.

Fonte: Arquivo pessoal Hélio Fonseca / Da esquerda para a direita, Hélio Fonseca e Carlos Alberto Santana Júnior.
Fonte: Arquivo pessoal Hélio Fonseca / Da esquerda para a direita, Hélio Fonseca e Carlos Alberto Santana Júnior.

“Nós percebemos que ninguém usava as nossas técnicas de guia-interpretação e estratégias de Libras Tátil na orientação e mobilidade. Então, a nossa ideia foi divulgar o conhecimento que temos na área, para que outros surdocegos e guias-intérpretes possam ter acesso ao conteúdo”

declara Hélio

O livro conta com mais duas autoras, Katia Lourenço que aborda a parte histórica da deficiência, e Beatriz Canuto, tradutora, intérprete e guia-intérprete que aponta estratégias pedagógicas para crianças com surdocegueira.

Para saber mais informações sobre o livro, acesse o link: https://www.intralibras.com/product-page/livro


Cintia Alves de Sousa

Cintia Alves de Sousa
Jornalista especialista em mídia e reportagem, que busca constantemente por novos desafios no segmento da Comunicação Acessível, para contribuir com ações que valorizem a diversidade e a inclusão na sociedade.

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