Você sabia que o atleta paralímpico mais rápido do mundo é nosso?
Se a Jamaica tem Usain Bolt, o Brasil tem Petrúcio Ferreira. Nascido e criado em São José do Brejo do Cruz, sertão da Paraíba, ele é dono de três medalhas paralímpicas e dois recordes mundiais nos 100m e 200m da classe T47. E tudo isso com apenas 24 anos de idade.
Tudo começou, porém, quando ele tinha quase dois anos. Petrúcio acompanhava o pai no sítio em que trabalhava, quando sofreu um acidente em uma máquina de moer capim, perdendo parte do braço esquerdo. Mas ainda que muito pequeno, o jovem paraibano não demorou para se adaptar à nova condição. E, hoje, vê o acidente como um propósito de Deus, que o levou ao topo do mundo.
O atletismo, no entanto, nem sempre esteve no caminho de Petrúcio Ferreira. O sonho do menino era mesmo jogar futebol. Mas quis o destino – para nossa sorte – que um professor, chamado Ricardo Ambrósio, descobrisse o talento e a velocidade do paraibano durante uma partida de futsal em uma edição dos Jogos Escolares da cidade. E o que era um talento em potencial logo se tornou realidade.
Rumo ao topo
Petrúcio chegou “tarde” às pistas, com 16 anos. Mas logo em sua segunda competição, ele mostrou do que era capaz. Sem nem sequer treinar, correndo como havia aprendido no futebol, ele venceu a prova. E aquilo não passou despercebido. Não demorou, então, para ele começar a criar asas, deixando a Paraíba para encantar o Brasil e, posteriormente, o mundo.
Um ano depois, em 2014, Petrúcio Ferreira decidiu se mudar para João Pessoa para investir de vez no atletismo. Foi aí que conheceu Pedro de Almeida, o Pedrinho, que o treina desde então. A parceria deles vale – literalmente – ouro, conquistando um grande resultado atrás do outro. Os primeiros vieram logo em 2015, no Parapan-Americano de Toronto, quando Petrúcio faturou o ouro nos 100m e nos 200m da classe T47.
A ascensão, no entanto, estava só começando. No ano seguinte, foi a vez de brilhar, em casa, em sua primeira Paralimpíada. Petrúcio não só conquistou mais uma medalha dourada nos 100m, como quebrou o recorde mundial da prova duas vezes (na semifinal e na final, registrando 10s57. Além do topo do pódio, Petrúcio ainda levou duas pratas: nos 400m e no revezamento 4x100m.
Petrúcio com o ouro paralímpico (Alexandre Urch)
Mas ele queria mais. Estabeleceu novamente o recorde mundial dos 100m em 2017, e bateu a sua própria marca ao vencer o Grand Prix de Paris e fazer 10s50, em 2018. Isso além do recorde nos 200m, no mesmo ano, correndo para 21s17.
O show continua
No começo de 2019, um susto. Petrúcio Ferreira fraturou o maxilar e quebrou dois dentes em São José do Brejo do Cruz, depois de bater o rosto em uma pedra ao mergulhar em um rio durante as festividades de final de ano.
O atleta passou, então, por uma cirurgia, mas se recuperou a tempo de brilhar nas pistas mais uma vez. Seis meses depois, Petrúcio estava nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, conquistando mais três medalhas: o ouro nos 100m e as pratas nos 400m e no 4x100m. E logo na sequência, foi a vez de faturar duas medalhas douradas no Mundial de Doha, no Catar.
Agora, o próximo objetivo é Tóquio 2020. É verdade que a pandemia adiou um pouco mais uma oportunidade de Petrúcio Ferreira correr e encantar. Mas ele promete, a partir do dia 27 de agosto deste ano, voar na pista da capital japonesa e escrever mais um capítulo vitorioso em sua carreira e na história do esporte brasileiro.
Fernanda Zalcman
Jornalista, curiosa por natureza e apaixonada por fazer a diferença. Encontrou no esporte um propósito: inspirar e dar voz à histórias e pessoas que por vezes estão escondidas. Porque todos importam e merecem espaço!