Uma uma história inspiradora pronta para conquistar um bom resultado em Tóquio 2020
Depois do dia 19 de agosto de 2015, tudo mudou na vida de Rodolpho Riskalla. Cavaleiro desde os seis anos de idade, ele sonhava com a classificação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Uma meningite bacteriana, no entanto, colocou a vida do atleta de cabeça para baixo. Mas o sonho em si mudou só um pouquinho.
Rodolpho Riskalla morava há quatro anos na França, onde trabalhava na famosa loja Dior, quando recebeu a notícia de que seu pai estava doente. Antes de poder chegar ao Brasil, no entanto, o pai acabou falecendo.
Duas semanas depois, em 19 de agosto, ele começou a se sentir mal e precisou ir ao hospital. Foi quando descobriu que estava com meningite bacteriana, precisando entrar em coma logo em sequência. Assim ficou por três semanas, mas seu convênio médico estava na França. A Dior, então, conseguiu levá-lo de volta à Paris onde precisou amputar as duas pernas, na altura dos joelhos, a mão direita e os dedos da mão esquerda.
As amputações aconteceram em outubro e, em novembro, Rodolpho Riskalla, embora ainda estivesse muito fraco, teve que ser transferido para um centro de reabilitação muito antes do esperado, porque seu leito hospitalar era necessário para as vítimas dos ataques terroristas de Paris.
O recomeço
Ele, então, começou o processo de reabilitação. E junto com ela, começou a migração do hipismo olímpico para o paralímpico. Afinal de contas, a vaga na Rio 2016 ainda podia acontecer, mas agora, no adestramento paraequestre.
Em janeiro de 2016, cinco meses depois de tudo que aconteceu, Rodolpho Riskalla foi ao estábulo onde um dos cavalos que ele montava foi mantido. Com 30kg a menos e cicatrizes de amputação ainda recentes, ele ainda não tinha suas próteses, esperando até março para poder ajustá-las. Assim que o fez, montou de novo pela primeira vez.
E antes mesmo de receber alta, em 1º de maio, ele participou de suas duas primeiras apresentações paraequestres em um cavalo emprestado de uma amiga e quando menos esperava, estava de volta ao hipismo e o sonho vivo de novo.
Realizando o sonho
Ele precisava de três resultados para poder assegurar a vaga nos Jogos Paralímpicos do Rio. Depois das classificatórias em Doville, na França, e em Waregem, na Bélgica, quando ainda estava no hospital, ele competiu na Holanda e na Alemanha. E quatro meses depois de receber alta, ele estava representando o Brasil na Paralimpíada, em casa.
Diante da torcida brasileira, Rodolpho Riskalla realizou o sonho e comemorou a vida. Ele ficou em 10º lugar, o que foi uma verdadeira vitória depois de tudo que ele passou. Ainda mais considerando que o intervalo de tempo entre a doença e a Paralimpíada foi cerca de um ano.
Por isso, ele recebeu o prêmio anual oferecido pela Federação Internacional de Hipismo por ter participado dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro menos de um ano após ser amputado.
Cinco anos depois, Rodolpho Riskalla já é vice-campeão mundial, o quarto melhor atleta das Américas no ranking mundial e o 19º no geral. E aos 35 anos, está pronto para conquistar um bom resultado para o hipismo brasileiro em Tóquio 2020.
Fernanda Zalcman
Jornalista, curiosa por natureza e apaixonada por fazer a diferença. Encontrou no esporte um propósito: inspirar e dar voz à histórias e pessoas que por vezes estão escondidas. Porque todos importam e merecem espaço!